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De sorvete que protesta a funil de pão de queijo: O marketing que dá gosto de viver (e vontade de copiar).

A quadragésima oitava edição do BoB Post está no ar. Segue o fio 👇

Como a Nvidia, Google e Disney estão criando robôs que pensam (e agem) como humanos.
A IA que muda ângulos de câmera como se fosse um diretor de cinema.
Por que o cheiro da sua loja vale mais que seu post no Instagram.
Loja não é ponto de venda. É portal de teletransporte.
“Não compre essa jaqueta” da Patagonia.
Tem marca que lacra. Tem marca que age. E tem a Ben & Jerry’s.
O novo empreendedor é um curador. Não um inventor.
Tem pão de queijo no seu funil de vendas?
Segue o fio pra se aprofundar nas tendências que estão moldando o presente e o futuro 👇


Google, Nvidia e Disney uniram forças para criar robôs realistas (o futuro nunca foi tão sci-fi).

O futuro da robótica está prestes a sair dos filmes da Disney direto para o mundo real. E não é ficção científica… é a união de três gigantes: Nvidia, Google DeepMind e Disney Research.
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, subiu ao palco da GTC 2025 para anunciar o Newton, um mecanismo de física que promete revolucionar a maneira como robôs interagem com o mundo real.
O primeiro a testar essa tecnologia? A própria Disney, que vai usá-la em seus robôs de entretenimento, incluindo os droides BDX de Star Wars. A estreia será nos parques temáticos da Disney em 2026.
Mas o que torna o Newton tão especial? Ele não só dá aos robôs movimentos mais naturais e expressivos, como também permite que eles aprendam a interagir com objetos complexos, de roupas a areia, passando por comida e superfícies irregulares. A promessa é um nível de realismo que ainda não existe na robótica comercial.
Se antes a Disney já impressionava com seus animatrônicos, agora ela quer robôs que realmente pareçam vivos.
E O MAIS LOUCO? A NVIDIA VAI LIBERAR O CÓDIGO-FONTEA versão inicial de código aberto do Newton chega no fim de 2025, o que significa que qualquer desenvolvedor poderá testar e criar novas aplicações.
O ponto é: a revolução robótica não está chegando, ela já começou. E dessa vez, a Disney não quer só contar histórias. Ela quer que você viva dentro delas.

Câmera ruim? Ângulo zoado? Agora isso não importa mais…

Imagina gravar um vídeo e, depois, mudar completamente o ângulo da câmera, como se você tivesse refilmado tudo. Agora, você pode.
O ReCamMaster, novo modelo de IA desenvolvido na China, promete reescrever as regras da produção audiovisual. Ele permite recriar cenas de vídeos inteiros com novos ângulos, movimentos de câmera dinâmicos e uma fluidez absurda, sem precisar de várias tomadas.
O que faz essa IA ser revolucionária?
Muda a perspectiva da câmera em qualquer vídeo como se fosse uma refilmagem.
Usa um modelo de difusão latente, interpretando a cena original e comandos de texto para gerar novas tomadas ultra-realistas.
Combina múltiplos frames para manter a fluidez e eliminar aquele aspecto de “cena gerada por IA.”
Treinada em um banco de dados gigantesco, garantindo uma qualidade absurda, muito acima do que qualquer outra ferramenta do tipo.
Se o Sora da OpenAI já mostrou que IA pode gerar vídeos realistas do zero, o ReCamMaster prova que a pós-produção de vídeos nunca mais será a mesma.
O próximo filme que você assistir pode ter sido “filmado” por IA – e você nem vai perceber.

O cérebro do seu cliente já decidiu comprar — antes mesmo de abrir os olhos.

A verdade nua, crua e perfumada é: enquanto você tá gastando rios em tráfego pago, tem marca vendendo mais só com um aroma bem escolhido.
O ser humano processa cheiro 10 vezes mais rápido que imagem. Isso significa que, na batalha pelo cérebro do consumidor, o olfato é o seu trunfo invisível.
No varejo, o jogo não é mais só sobre ver o produto, é sobre sentir:Enquanto o Instagram entrega alcance, o cheiro da sua loja entrega memória emocional. E memória, turma, é o que faz o cliente voltar.
Você lembra da primeira roupa que comprou na sua marca favorita? Provavelmente não. Mas se entrar na loja dela hoje e sentir o mesmo cheiro… BOOM. A nostalgia te arremessa pra lá. É automático. É inconsciente. É neurociência.
Casos incríveis (e por que você devia prestar atenção):
A Abercrombie & Fitch usava uma fragrância tão marcante nas lojas que clientes identificavam a marca só de passar na calçada.
A Starbucks proíbe que funcionários façam comida que masque o aroma do café. Eles sabem que o cheiro é o marketing.
No Brasil, a Granado faz o consumidor atravessar a loja num corredor olfativo que conecta passado, tradição e confiança.
Isso não é acaso. É arquitetura sensorial.
Como aplicar na prática (sem gastar uma fortuna):
Crie uma assinatura olfativa: um cheiro exclusivo, que traduza o DNA da sua marca. Pode começar com óleos essenciais simples.
Seja intencional com som e luz: o cheiro funciona melhor quando o ambiente todo conversa. Pense no mood.
Use o aroma como ponto de contato: coloque sachês nos pacotes, borrife nas etiquetas, espalhe no PDV. Transforme o olfato em canal de branding.
Evite o erro clássico: não use aromas genéricos tipo "baunilha" sem contexto. A sensação precisa reforçar quem você é e o que o cliente sente ao te escolher.
Enquanto todo mundo tá brigando por 3 segundos no scroll… Você pode conquistar 3 anos de lembrança com uma experiência que nem precisa de Wi-Fi.

A nova moeda do varejo é a experiência. Se a sua loja não for um portal, ela é só mais uma porta.

A loja que vende só produto tá morta. Hoje, o consumidor entra querendo ser transportado, pra um universo, uma ideia, um sentimento. Se ele sair igual entrou… você perdeu a venda (e a chance de ser lembrado).
Você acha mesmo que alguém vai até a loja da LEGO em NY só pra comprar bloquinhos? Ou entra no Café da Dior em Seul só pelo capuccino de 12 dólares?
Não. Eles entram porque precisam sentir. Sentir que estão dentro de um filme. De um sonho. De algo que quebre a rotina e provoque um "uau" interno.
A loja virou um parque de sensações. Um espaço de pertencimento. Um cenário instagramável. E mais: um capítulo da história da marca.
1. Atmosfera é tudo. Luz, cheiro, som, textura. Cada detalhe é uma senha sensorial pro cliente entrar no universo da sua marca. (Você acha que o cheiro da Melissa nas lojas é à toa?)
2. Crie rituais, não apenas interações. A Starbucks faz questão de perguntar seu nome. A Reserva servia pão de queijo. Não é sobre café ou roupa — é sobre memória afetiva.
3. Não venda, convide. A Casper criou quartos para as pessoas dormirem nas lojas. A Glossier tem paredes feitas para fotos. O cliente não entra pra comprar. Ele entra porque quer pertencer.
4. Portal que se preze continua aberto. A experiência não morre no checkout. Continue a narrativa no pós-venda. Um e-mail inesperado. Uma embalagem que vira objeto. Uma história que só começa no caixa.

Enquanto marcas criam campanhas sobre propósito, a Patagonia colocou o negócio inteiro a serviço do planeta.

Em plena Black Friday, a Patagonia lançou um anúncio de página inteira no The New York Times com a frase provocativa: “Não compre essa jaqueta.”
Eles estavam pedindo para as pessoas não comprarem seus produtos, a menos que realmente precisassem — como forma de repensar o consumo excessivo.
Além disso, doaram 100% do lucro da Black Friday para ONGs ambientais.
O que você precisa saber:
A Patagonia vende um sistema de crenças. Ela se posiciona como ativista ambiental antes de ser uma empresa de moda.
Isso atraiu consumidores com os mesmos valores, aumentando a lealdade e o lifetime value do cliente.
Eles não só comunicam ESG, vivem isso no core do negócio. O fundador até doou a empresa para um fundo ambiental. ESG aqui é causa, não campanha.
Em um mundo de marcas mornas, quem toma partido vira farol.

A Ben & Jerry’s é conhecida por se posicionar politicamente em temas como racismo, justiça social e mudanças climáticas.
Em 2020, após o assassinato de George Floyd, eles foram uma das poucas marcas a fazer um manifesto direto e sem filtros: “We must dismantle white supremacy.” (“Precisamos de desmantelar a supremacia branca.”)
Eles entenderam que não adianta ser “gostosinho e inofensivo” no feed. Quem tem proposta de valor forte precisa ter posicionamento real.
E isso gera o que poucas marcas têm: respeito + afinidade de verdade.
Ben & Jerry’s coloca responsabilidade social em tudo, desde a cadeia de suprimentos até as campanhas. Simplesmente, um sorvete com voz ativa.

O novo gênio é aquele que conecta pontos óbvios… que ninguém teve coragem de juntar.
A gente cresceu ouvindo que pra empreender você precisava criar a próxima Apple, reinventar a roda, descobrir o fogo.
Balela.
O que move o jogo hoje não é genialidade solitária. É curadoria com coragem. É pegar dois mundos que já existem, conectar de um jeito novo e resolver uma dor real com identidade.
Não é sobre criar do zero. É sobre juntar o que já existe e dar um novo propósito pro todo.
A Garmin faz relógios inteligentes.
A Theragun alivia tensões musculares.
Separadas, elas são ótimas. Juntas, criaram uma nova categoria: wearable que sente sua dor e já oferece o alívio.
Mas quer um case que prova esse ponto com 100 milhões de dólares na mesa? Liquid Death…

O que é? Água em lata. Só isso. Mas embalada como se fosse cerveja artesanal.Vendida como uma marca de rock. Com campanhas dignas de um filme do Tarantino.
Eles não criaram um novo produto.Criaram um novo posicionamento.
Juntaram três coisas que já existiam:→ A lata, que é 100% reciclável→ O lifestyle “metal” que sempre foi excluído da conversa de wellness→ A água, o produto mais simples do mundo
E colocaram tudo isso com a assinatura: “Mate a sua sede.”
Hoje, a marca vale mais de 700 milhões de dólares.Só vendendo água com narrativa.
O melhor aprendizado de vendas que veio de um pão de queijo.

Em 2012, um gerente de loja da Reserva sugeriu algo inusitado: “E se a gente servisse pão de queijo pros clientes?”.
Soava como uma ideia boba. Afinal, a marca vendia roupa, não café da manhã. Mas deixaram testar.
O resultado?
O ticket médio da loja subiu 30% nos dias da ação.
Os clientes começaram a voltar só pela experiência.
Mais do que um lanche grátis, o “Dia do Pão de Queijo” virou ritual.
Um pequeno gesto que transformou a loja em um lugar de afeto. E ensinou uma lição simples, mas poderosa:
A melhor venda não parece uma venda. Parece cuidado.
A Reserva nunca foi só sobre bermuda e camiseta. Sempre foi sobre criar conexões. Transformar uma compra em memória. E provar que o cliente não compra só o que você vende. Ele compra o que sua marca acredita.
Enquanto muitos negócios seguem obcecados pelo funil de conversão, esquecem do que realmente fideliza: a experiência que dá vontade de voltar.
E no seu negócio... tem pão de queijo?


