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Você piscou. E o futuro foi reprogramado em mandarim, batom e código genético.

A quinquagésima edição do BoB Post está no ar. Segue o fio 👇

A China não está brincando: IA virou matéria obrigatória nas escolas.
Extinto? Só se for do dicionário: IA e genética ressuscitam um lobo do passado.
Prada compra Versace por €1,25 bi e declara guerra elegante à LVMH.
Sephora assume espaço da Tiffany&Co no Iguatemi e transforma joia em experiência de beleza.
Ypê investe R$13 milhões na Mata Atlântica — e prova que ESG de verdade começa no chão da floresta.
125% de tarifa, zero chance de transição rápida: o jogo sujo de Trump contra a energia verde.
Por que Elon Musk é maior do que qualquer lista da Forbes?
O Vale do Silício pegou praia: Web Summit 2025 desembarca no Rio.
Segue o fio pra se aprofundar nas tendências que estão moldando o presente e o futuro 👇


A nova superpotência de IA não nasce em Harvard. Nasce em colégio chinês.

A China acaba de mandar o recado mais claro (e mais ousado) do jogo geopolítico da inteligência artificial: o futuro não será apenas programado… ele será ensinado, desde cedo.
A partir de agora, IA virou disciplina obrigatória nas escolas de Pequim. Enquanto outros países ainda discutem se ChatGPT distrai ou ajuda nas tarefas, os chineses colocaram IA ao lado de matemática e mandarim. E não é aula de PowerPoint, é formação técnica e estratégica para moldar uma geração inteira de desenvolvedores, engenheiros, empreendedores e criadores de IA.
Isso não é reforma curricular. É plano de dominação.
A ideia não é nova mas o timing é perfeito. Em plena corrida global por supremacia em IA, a China saca que o diferencial não está só nos modelos gigantes ou nas startups com valuation bilionário. Está no chão da escola. Está na base. Está em garantir que os próximos líderes de AI não estejam só em Stanford ou no Vale do Silício, mas em Pequim, Chengdu, Hangzhou...
Mais do que código, a disciplina envolve ética, aplicações reais, visão de mercado e pensamento computacional. Tudo isso integrado ao ensino médio. O que isso significa? Significa que em poucos anos, os “nativos de IA” não serão americanos, serão chineses.
Lembra do “Made in China”? Agora é “Programmed in China.”
Não é à toa que o país já lidera em número de patentes em IA, em produção científica e em aplicações de larga escala. O ensino obrigatório de IA nas escolas é só o próximo passo de uma estratégia de longo prazo que mira a liderança global e está muito bem encaminhada.
Enquanto isso, no resto do mundo... ainda estamos debatendo se IA substitui ou não o professor.

Eles estavam extintos há 10 mil anos. Agora estão de volta.

No dia 1º de outubro de 2024, o impossível nasceu: um filhote de lobo pré-histórico, recriado a partir de DNA extraído de fósseis com até 72.000 anos de idade.
A responsável pelo feito? A Colossal Biosciences. Usando IA e edição genética CRISPR, a Colossal reconstruiu um genoma extinto. Lacunas preenchidas, mutações restauradas, espécie revivida. Como se Jurassic Park tivesse saído da tela e entrado no laboratório — só que com código, precisão cirúrgica e propósito.
Mas isso não é sobre um lobo. Isso é sobre uma virada de chave na relação entre humanos, tecnologia e o planeta.
“Esse momento é mais do que um marco para nós. É um salto para a ciência, a conservação e a humanidade.”
— Colossal Biosciences
A ideia de trazer espécies extintas de volta à vida sempre habitou o imaginário coletivo — mas agora ela habita o presente.
Não é hype. É biotecnologia, inteligência artificial e ciência de ponta sendo aplicadas para algo muito maior do que entretenimento: a restauração ecológica.
Porque, para a Colossal, desextinção não é sobre brincar de Deus. É sobre corrigir erros históricos. É sobre devolver ao planeta parte do que tiramos dele.
E a pergunta que resta agora não é se isso será feito com outras espécies — é quando, e com quais.

A Versace acaba de ser adquirida pelo Grupo Prada por €1,25 bilhão.

E isso não é só uma compra — é um statement. Um tapa elegante de luva de couro na cara dos conglomerados franceses que dominam o mercado há anos.
Enquanto a LVMH e a Kering empilham casas de moda como quem coleciona troféus, a Itália contra-ataca com algo mais poderoso que capital: herança cultural. E nesse movimento, o “Made in Italy” vira menos um rótulo e mais uma força geopolítica do luxo.
A Prada já vinha em ascensão com o hype da Miu Miu e um crescimento de 17% em 2024. Já a Versace — maximalista, sexy e intensa — tropeçava nas finanças com a Capri Holdings. Mas mantinha intacto um valor que nenhuma planilha traduz: desejo.
Essa união não é sobre fusão de identidades. É sobre contraste estratégico. Prada é silêncio arquitetônico. Versace é grito barroco. Juntas, formam um portfólio que vai do minimal ao exagerado sem perder o eixo do luxo.
Pela primeira vez, a direção criativa da Versace não estará nas mãos da família. Donatella passa o bastão para Dario Vitale, ex-Miu Miu, e assume como embaixadora. Ou seja: continuidade emocional com inovação criativa — o melhor dos dois mundos.
O que esperar desse novo império?
Menos show-off, mais estratégia.
Menos heritage no museu, mais heritage na vitrine.
Menos correr atrás de trend, mais criar a próxima.

No coração do Iguatemi, a Sephora ocupa o espaço mais desejado da moda premium.

No coração do Iguatemi, onde o varejo respira luxo e o cliente exige mais do que produto, a Sephora entregou o que muitas marcas ainda não entenderam: experiência não é um complemento, é o ativo principal.
A nova unidade não é só mais um ponto de venda. É um portal sensorial desenhado para transformar consumo em ritual. Do atendimento premium ao design arquitetônico, tudo na loja foi pensado para encantar, orientar e provocar.
Logo na entrada, o layout já deixa claro: aqui não se compra apressado. O cliente circula, descobre, testa, sente. Cada corredor é um convite à experimentação com estações personalizadas, áreas para teste de fragrâncias, consultoria de skincare sob medida e até diagnóstico de maquiagem com tecnologia de última geração.
Essa não é uma loja, é uma experiência boutique com alma de laboratório.E esse é exatamente o ponto.
Enquanto o mercado ainda insiste em medir sucesso por SACOLA, a Sephora joga em outra métrica: memória emocional.
Porque quem entra ali não sai apenas com um batom. Sai com uma história.Com uma descoberta. Com uma lembrança que faz voltar e voltar com desejo.
O luxo, afinal, não está no preço. Está na forma como você se sente ao consumir. E nesse jogo, a Sephora acaba de elevar o padrão.

Quando uma marca de limpeza suja as mãos pela causa certa.

Enquanto muita marca ainda está tentando transformar “sustentabilidade” em pauta de PowerPoint, a Ypê foi lá e plantou. Literalmente.
A empresa brasileira, conhecida por estar em praticamente todo lar do país, acaba de anunciar um investimento de R$13 milhões em restauração florestal na Mata Atlântica, reforçando seu papel como uma das poucas marcas que tratam ESG como responsabilidade e não como estética.
O projeto, chamado Raízes do Futuro, não é greenwashing disfarçado de ação de marketing. É um plano concreto, escalável e com data pra florescer: a meta é restaurar 1.880 hectares até 2027 — o equivalente a mais de 2.600 campos de futebol de floresta nativa.
Mas o que torna esse movimento tão poderoso?
ESG com CEP e GPS. Nada de “ações globais genéricas”. A Ypê escolheu um dos biomas mais ameaçados do planeta — a Mata Atlântica — e um dos mais estratégicos para o equilíbrio ambiental do Brasil. É aqui que se combate a crise climática, a perda de biodiversidade e se protege nascentes que abastecem milhões de brasileiros.
Regeneração com impacto real. Mais do que plantar árvore, a Ypê está financiando regeneração ecológica assistida, capacitando pequenos produtores e criando uma rede de impacto que mistura conservação com geração de renda. Um modelo que vai além da compensação: é restauração com legado.
O branding silencioso mais barulhento do ano. A marca não está usando isso como desculpa para lançar um novo rótulo “eco”. Está fazendo porque precisa ser feito — e esse tipo de atitude fala mais alto do que qualquer campanha publicitária. O consumidor percebe. E responde.
O futuro não se comunica. Se constrói. Enquanto muitos ainda discutem se sustentabilidade “vende”, a Ypê prova que consistência constrói confiança, e confiança vira liderança. Não é à toa que, ano após ano, a marca se mantém entre as mais respeitadas do Brasil quando o assunto é ESG.
Trump, China e o futuro da energia verde: quando uma tarifa de 125% vira uma guerra fria climática.

A eleição americana nem chegou, mas o impacto global já começou a bater… e, dessa vez, no coração do setor mais estratégico do planeta: a energia limpa.
Donald Trump anunciou que, se voltar à presidência, pretende aplicar tarifas de até 125% sobre produtos chineses de energia verde — como painéis solares, turbinas eólicas e veículos elétricos. Na superfície, parece uma política de proteção econômica. Na prática, é uma jogada geopolítica com o poder de atrasar (ou acelerar) a transição energética mundial.
E por que isso importa? Porque a China não domina só a produção, ela monopoliza a cadeia de fornecimento da energia limpa — dos minerais aos manufaturados. Um bloqueio tarifário não é só um freio nas importações: é um abalo sísmico na espinha dorsal do green deal global.
O que está em jogo:
Acesso global à energia limpa pode ficar mais caro e mais lento. A China produz mais de 80% dos painéis solares do mundo. Se os EUA — a segunda maior economia do planeta — encarecer esse acesso, o custo da energia renovável dispara, não só localmente, mas em todo o sistema de trocas globais.
A transição energética deixa de ser prioridade para virar moeda de guerra comercial. Não se trata mais de “salvar o planeta”. Trata-se de poder industrial, controle de insumos críticos e soberania energética. O risco? A descarbonização vira refém da geopolítica.
O Brasil precisa olhar pra isso agora. O Brasil é um player estratégico em recursos minerais, bioenergia e inovação limpa. Mas se o mundo começar a fragmentar cadeias globais de energia verde, os países com tecnologia própria, acordos bilaterais e política industrial consolidada vão sair na frente. Quem ficar esperando alinhamento global, vai ficar de fora do jogo.
A tarifa de 125% é só o estopim. O que Trump está dizendo ao mundo é: “Ou jogamos pelas nossas regras, ou mudamos o jogo.” A China, por sua vez, já começou a fortalecer parcerias com Europa, América Latina e África, acelerando sua independência comercial.
E os Estados Unidos? Estão apostando no protecionismo como nova arma de influência global.
Se a década de 2020 começou com promessas de cooperação climática, a segunda metade pode ser marcada por uma nova forma de guerra fria — uma guerra travada por semicondutores, baterias e turbinas.
No fim das contas, não estamos discutindo apenas tarifas. Estamos discutindo quem vai escrever o código-fonte do mundo pós-carbono. E esse código pode muito bem vir em mandarim.

Elon Musk: o maior empresário de todos os tempos? Ou apenas o primeiro de uma nova era?

O artigo da Forbes Brasil levanta a pergunta com ares de provocação – e, no fundo, todos sabemos por que ela incomoda tanto. Porque a resposta pode ser sim.
Enquanto muitos empresários ainda estão tentando entender o impacto da inteligência artificial ou das mudanças climáticas, Musk já está fundando empresas pra resolvê-los.
Tesla não só redefiniu o que é dirigir, como forçou uma indústria inteira a correr atrás de um futuro elétrico que já chegou. SpaceX barateou a corrida espacial e transformou foguetes em produtos de prateleira (com direito a lançamento por streaming). E agora, com a xAI, ele está cutucando os gigantes da inteligência artificial com uma proposta que mistura transparência, risco e ambição em doses industriais.
Mas não é só sobre produto. É sobre disrupção em escala continental.
Musk não apenas cria empresas. Ele cria categorias.Ele não entra em mercados. Ele redefine as regras do jogo.E não segue a cartilha do playbook do Vale do Silício – ele rasga e escreve a própria.
Se estamos falando de legado, inovação, impacto e risco, talvez o mais importante não seja se ele é o maior de todos os tempos. Mas sim o primeiro da nova linhagem: os empresários que operam em múltiplas frentes, em tempo real, e com um apetite por futuro que beira o imprudente.
Ele é Rockefeller com foguetes. Jobs com satélites. Da Vinci com Twitter.
O futuro tem sotaque carioca — e endereço certo: Web Summit Rio 2025.

O Rio já foi capital do Brasil. Agora, por alguns dias, vai ser capital da tecnologia, da inovação e das conversas que definem o que vem depois.
De 15 a 18 de abril, mais de 30 mil mentes inquietas vão lotar o Riocentro pra discutir aquilo que move o mundo: tecnologia, criatividade, disrupção, propósito e... negócios que desafiam o status quo.
O que está em jogo? Nada menos que as narrativas que vão dominar as próximas décadas. Enquanto o mundo gira em torno da inteligência artificial, do empreendedorismo de impacto, do futuro do trabalho e da reinvenção das marcas, o Brasil vira palco — e o Rio, protagonista.


